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Homilia de Dom Sergio na Solenidade de Corpus Christi

quinta-feira 30 de maio de 2013

Dom Sérgio

Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
30.05.2013
Homilia
                                              “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos Senhor a vossa morte, enquanto esperamos a vossa vinda”!
                                               Irmãos e Irmãs!
                                               Celebramos com a Igreja a Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo. “Aquele, por quem, e para quem foram criadas todas as coisas, e em quem Deus fez habitar toda a plenitude, reconciliando todos os seres, tanto os da terra como os do céu, estabelecendo a paz, por meio dele, por seu sangue derramado na cruz”, quis ser nosso alimento. Ao assumir um corpo como o nosso – de carne e sangue, com as mesmas necessidades nossas, Jesus revelava sua íntima e profunda comunhão com nossa vida, com nosso destino. Ele, que comeu, bebeu, caminhou, sofreu, morreu e ressuscitou, desejou permanecer entre nós, como alimento – na Eucaristia, mistério de amor e de comunhão. Participar da Eucaristia, o que implica o seguimento dele, é conformar a nossa vida com a vida dele, compartilhar do seu próprio destino. Nesta solenidade, é oportuno considerar em nossa reflexão, três elementos que são indissociáveis.
  1. 1.      Corpus Christi – Corpus Eclesiae / Corpo de Cristo – Corpo da Igreja.
                                               Para nós, não é difícil compreender que “desde o início, Jesus associou seus discípulos à sua vida; revelou-lhes o Mistério do Reino; deu-lhes participar de sua missão, da sua alegria e dos seus sofrimentos. Falou de uma comunhão mais íntima entre Ele e os que o seguiriam: ‘permanecei em mim, como eu em vós… Eu sou a videira, e vós os ramos’(Jo 15, 4 – 5). Anunciou ainda uma comunhão misteriosa mas real entre o seu próprio corpo e o nosso: ‘Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim e eu nele’(Jo 6, 56)”. “Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue verdadeira bebida. Aquele que de mim se alimenta, viverá por meio de mim, viverá para sempre” (Jo 6, 55 – 58).
                                                 Para muitos cristãos, quem sabe para nós aqui presentes, o difícil é fazer da Eucaristia, participação no Corpo de Cristo, fazer o que Cristo fez, para que sua presença permaneça atual. “Fazer da nossa vida alimento para que outros tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Sermos hóstias vivas, transformar cada dia o nosso corpo para nutrir as esperanças de muitos irmãos e irmãs. “Tomai e comei, isto é o meu corpo; tomai e bebei, isto e o meu sangue”, não foi um gesto mágico de Jesus na Ceia com seus Discípulos, mas um gesto que nos tornou também, “Corpo de Cristo”, associando-nos a Ele e desta forma fazendo nascer a sua Igreja. E o Corpo de Cristo na Eucaristia não está separado do Corpo da Igreja, antes, a Eucaristia é fonte e ápice da vida e da Missão da Igreja. Comungar nos coloca em comunhão com toda a Igreja e com ela nos compromete. “Fazer parte do Corpo de Cristo é estar vinculado inseparavelmente, comprometido radicalmente com os pobres, aqueles e aquelas a quem Cristo se une e pelos quais dá tudo de si”. “Tudo o que fizestes aos meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40).
                                                 Uma situação que no momento chama nossa atenção e de toda a sociedade, e que nos faz corar de vergonha, é a discussão sobre a redução da maioridade penal. Mais uma vez os pequenos e pobres estão sendo ameaçados e correndo o risco de ser sacrificados, para salvaguardar os interesses de muitos que em nossa Pátria mãe gentil, sem consciência ética ou moral, estão lucrando com o vergonhoso tráfico e comércio de drogas. Aprovar a redução da maioridade penal seria admitir a falência do Estado no seu dever de implementar políticas públicas que tirem os jovens da delinqüência . Antes de defender a redução da maioridade penal sob a falsa afirmação de que a impunidade impera, deve-se cobrar a efetiva aplicação das medidas sócio educativas estabelecidas pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que busca a educação integral da criança e do adolescente, o restabelecimento de sua dignidade. Se alguma miséria em nosso país foi debelada, a criminalidade, miséria humana por excelência, envolvendo os adultos, e os preferidos de Jesus revela que nossa sociedade não presa mais os seus filhos e filhas. É uma situação que clama aos céus por justiça e vida.
                                               2. Mesa da Palavra – Mesa da Eucaristia.
                                               Quanto cuidado temos com a Eucaristia. Às vezes somos escrupulosos, outras vezes somos negligentes. É claro que o cuidado com o Corpo de Cristo na Eucaristia – no pão eucaristizado, é nosso dever. O Bispo emérito de Roma, Bento XVI, na sua Exortação Apostólica sobre a Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja lembra que, a “proclamação da Palavra de Deus na celebração comporta reconhecer que é o próprio Cristo que Se faz presente e Se dirige a nós para ser acolhido. Referindo-se à atitude que se deve adotar tanto em relação à Eucaristia como à Palavra de Deus, São Jerônimo afirma: ‘Lemos as Sagradas Escrituras. Eu penso que o Evangelho é o Corpo de Cristo; penso que as Santas Escrituras são o seu ensinamento. E quando Ele fala em ‘comer a minha carne e beber o meu sangue’ (Jo 6,53), embora estas palavras se possam entender do Mistério (eucarístico), todavia também a palavra da Escritura, o ensinamento de Deus, é verdadeiramente o Corpo de Cristo e o seu Sangue. Quando vamos receber o Mistério (eucarístico), se cair uma migalha sentimo-nos perdidos. E, quando estamos a escutar a Palavra de Deus que nos é derramada nos ouvidos, Palavra de Deus que é carne de Cristo e seu sangue, se nos distraímos com outra coisa, não incorremos em grande perigo?” (Verbum Domini, n. 56). Qual o cuidado com a proclamação da Palavra de Deus nas celebrações em nossas comunidades. Nossos leitores são pessoas de fé, bem preparados?
                                               3. A Eucaristia é a memória de Jesus.
                                               Estamos vivendo um tempo desafiador em nossas comunidades. Cada vez mais parece que a finalidade do sacrifício eucarístico está sendo desviado, desvirtuado. Costume que vem de longe e ganha força. Missa para abrilhantar inaugurações, formaturas, lançamento de livros, CDs, homenagear autoridades que iniciam o exercício do poder, Santos, defuntos, aniversários…. O que é que Jesus mandou fazer? Como ele mandou fazer? ‘Façam isto em memória de mim’.                     Foi assim que a Missa começou, foi o que ele pediu. ‘Lembrar-se, agradecidos, da entrega de Jesus e oferecê-la ao Pai, para que também nós sejamos uma entrega a serviço de uma sociedade mais fraterna; comungar com essa entrega e pedir, para que vivamos todos unidos num mesmo projeto de fé cristã: a vitória da Vida. Desta maneira, fazendo a memória de Cristo, o Pai é que é o grande homenageado e somente ele. Na celebração da Eucaristia podemos colocar todas as nossas necessidades, nossas intenções, mas nunca suplantar, desviar, substituir sua finalidade: homenagear, dar graças a Jesus Cristo’.
                                               A Eucaristia não tem preço, não é propriedade de ninguém e nem simplesmente devoção pessoal, é sempre ato eclesial, comunitário. “Podemos dizer que é uma oferta mútua, um serviço de mão dupla entre os parceiros da Aliança: Deus é glorificado e o povo é santificado, renovado na Páscoa de Cristo. Participando da ação ritual de forma ativa, externa, interna, consciente, piedosa, plena e frutuosa, participamos, comungamos do mistério de Cristo, do mistério de Deus, da vida trinitária; apressamos a realização do Reino de Deus; somos enviados como missionários e missionárias para promover a comunhão universal”.
                                                A Eucaristia tem ainda valor infinito. Nela a humanidade e criação inteira, redimidas, estão presentes. Por isso, pedimos: “Dai-nos, Senhor Jesus, possuir a satisfação eterna da vossa divindade, que já começamos a saborear na terra, pela comunhão do vosso Corpo e do vosso Sangue. Vós que viveis e reinais para sempre”.
                                                                                           + Sérgio
                                                                                      Bispo Diocesano

Papa apresenta Maria como mulher da “escuta, decisão e ação”

sábado 1 de junho de 2013

Papa Francisco presidiu à solene celebração Mariana, por ocasião da conclusão do mês de maio, dedicado a Maria, na noite de sexta-feira (31.05) na Praça São Pedro.O Cardeal Ângelo Comastri, Vigário Geral do Papa para a Cidade do Vaticano e Arcipreste da Basílica de São Pedro, rezou a oração do Terço com os numerosos fiéis presentes.
Durante a oração mariana, a imagem de Nossa Senhora foi levada em procissão pela Praça São Pedro. Francisco participou, desde o início da oração mariana, no patamar da Basílica Vaticana.
Ao término da oração mariana, o Papa fez uma meditação, percorrendo alguns acontecimentos do caminho de Jesus, nossa salvação. Neste caminho, disse, fomos acompanhados por Maria, nossa Mãe, que nos conduz a seu Filho Jesus.
Neste dia em que se celebra a festa da Visitação da Beata Virgem Maria à sua prima Isabel, Francisco falou sobre este mistério, que nos mostra o modo com que Maria enfrenta seu caminho, com grande realismo, humanidade, concretude. E destacou:
“Três palavras sintetizam o comportamento de Maria: escuta, decisão, ação; palavras que indicam um caminho também para nós, diante do que o Senhor nos pede na vida”.
Ao explicar o primeiro aspecto do comportamento de Maria, “escuta” o Papa disse que Maria soube ouvir a Deus. Não se trata de um simples “ouvir” superficial, mas de atenção, acolhida e disponibilidade para com Deus. Ela lê os acontecimentos da sua vida, vai a fundo, e colhe seu significado. E acrescentou:
“Isto vale para nossa vida: escuto a Deus, que nos fala, e escuto também a realidade diária, atenção às pessoas, aos fatos, porque o Senhor está à porta da nossa vida e bate de muitos modos, colocando sinais em nosso caminho. Cabe a nós percebê-los. Maria é a Mãe da escuta”.
A seguir, o Santo Padre explicou o segundo aspecto do comportamento de Maria: “decisão”. Ela não vive da “pressa”, com ânsia, tampouco se detém na reflexão: ela vai mais além: “decide”. Maria não se deixa arrastar pelos acontecimentos, não hesita em decidir. Nas núpcias de Cana, por exemplo, podemos notar seu realismo, humanidade, concretude, diante dos fatos e aos problemas. Por isso, se dirige ao seu Filho para Ele intervir. E o Papa ponderou:
“Na vida é difícil tomar decisões. Muitas vezes, procuramos adiá-las e deixar que os outros decidam por nós; muitas vezes, preferimos deixar-nos arrastar pelos acontecimentos. Mas, Maria se coloca à escuta de Deus, reflete e procura compreender a realidade e decide confiar totalmente n’Ele”.
Por fim, Papa Francisco se deteve no terceiro aspecto do comportamento de Maria: “ação”. Ele se põe em viagem e vai depressa visitar sua prima Santa Isabel. Apesar das dificuldades e das críticas, ela não se detém diante de nada e “parte depressa”.
Quando Maria descobre o que Deus queria realmente dela, ou seja, o que ela devia fazer, parte “imediatamente”. Ela sai de casa e de si mesma, por amor, carregando no seu seio o dom mais precioso: seu Filho Jesus.
O Papa concluiu sua meditação, convidando os fiéis presentes a seguirem o exemplo de Maria, levando, como ela, o que temos de mais precioso: Jesus e o seu Evangelho, mediante a palavra e o testemunho concreto da nossa ação. Enfim, partindo dos três aspectos do comportamento de Maria “escuta, decisão, ação” pronunciou a seguinte oração a Nossa Senhora:
“Maria, mulher da escuta, abri nossos ouvidos; fazei com que saibamos ouvir a Palavra do vosso Filho Jesus entre as tantas palavras deste mundo; fazei que saibamos perceber a realidade em que vivemos; ouvir as pessoas que encontramos, especialmente aquela pobre, necessitada, em dificuldade.Maria, mulher da decisão, iluminai as nossas mentes e os nossos corações, para que saibamos obedecer a Palavra do vosso Filho Jesus, sem hesitação; dai-nos a coragem de decidir, de não nos deixar arrastar pelos que tentam orientar a nossa vida.Maria, mulher da ação, fazei que as nossas mãos e os nossos pés se movam “depressa” em direção aos outros, para que possamos levar-lhes a caridade e o amor do vosso Filho Jesus; para levarmos, como vós, ao mundo a luz do Evangelho. Amém
Ao término da celebração mariana de conclusão do mês de maio, mês dedicado a Maria, Papa Francisco se despediu dos fiéis e a todos concedeu a sua Bênção Apostólica.

“Devemos ser cristãos coerentes com o escândalo da Cruz”, diz Papa Francisco

sábado 1 de junho de 2013

“A Igreja não é uma organização de cultura, mas é a família de Jesus”. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa desta manhã na Casa Santa Marta. O Papa destacou que os cristãos não devem ter vergonha de viver com o escândalo da cruz, exortando-os a não se deixarem enganar e dominar pelo espírito do mundo. A missa foi concelebrada pelo Arcebispo de Havana Dom Jaime Lucas Ortega e Alamino, na presença de alguns colaboradores mais próximos do Papa.
“Com que autoridade fazes estas coisas”? Papa Francisco desenvolveu sua homilia partindo da pergunta feita a Jesus pelos escribas e pelos sumo sacerdotes. “Ainda uma vez – observou – querem fazer Jesus cair numa armadilha, procuram induzi-lo ao erro. Mas qual é – pergunta o Papa, o problema que estas pessoas tinham com Jesus”?
“Talvez os milagres que fazia? Não, não é isto. Em realidade – afirmou -, o problema que escandalizava estas pessoas era aquilo que os demônios gritavam a Jesus: “Tu és o Filho de Deus, Tu és o Santo!”. Este é o ponto central, o que escandaliza de Jesus: “Ele é Deus que se encarnou”. Também para nós – prosseguiu o Papa – existem armadilhas na vida, mas aquilo que escandaliza da Igreja é o mistério da Encarnação do Verbo”. E isto não se tolera, isto o demônio não tolera”:
“Quantas vezes se ouve dizer: ‘Mas vocês cristãos, sejam um pouco mais normais, mais razoáveis, como as outras pessoas!’. Este é um discurso de encantadores de serpentes: ‘Mas, vocês devem ser assim, não?, um pouco mais normais, não tão rígidos…’ . Mas por trás disto existe: ‘Mas não venham com esta história que Deus se fez homem’! A Encarnação do Verbo, este é o escândalo que está por trás! Nós podemos fazer todas as obras sociais que queremos e dirão: “Mas que boa a Igreja, que boa obra social que faz a Igreja”. Mas se nós dissermos que nós fazemos isto porque estas pessoas são a carne de Cristo, vira um escândalo. E esta é a verdade, esta é a revelação de Jesus: esta presença de Jesus encarnado”.
E “este é o ponto – sublinhou Papa Francisco: Sempre existirá a sedução de fazer coisas boas sem o escândalo do Verbo encarnado, sem o escândalo da Cruz”. Devemos, ao invés disto “ser coerentes com este escândalo, com esta realidade que faz escandalizar”. E, melhor que isto: ser coerentes com a fé”.
O Papa, então, recordou o que afirma o Apóstolo João: “aqueles que negam que o Verbo se fez carne são o anti-cristo, são o anti-cristo!”. Por outro lado – disse ainda – somente aqueles que dizem que o Verbo se fez carne são do Espírito Santo”. Papa Francisco, afirmou então que “faria bem a todos nós pensar isto: a Igreja não é uma organização de cultura, nem de religião, nem social”:
“A Igreja é a família de Jesus. A Igreja de Jesus confessa que Jesus é o Filho de Deus feito carne: isto é um escândalo, e por isto perseguiam Jesus. Este é o centro da perseguição. Se nós nos tornamos cristãos razoáveis, cristãos sociais, cristão de beneficência, qual será a conseqüência? Que não teremos mais mártires: esta será a conseqüência”.
Quando, ao invés disto, os cristãos dizem a verdade, professam que o “Filho de Deus veio e se fez carne”, “quando nós – prosseguiu o Papa –‘pregamos o escândalo da cruz, então virão as perseguições, virá a Cruz e isto será uma coisa boa, esta é a nossa vida”:
“Peçamos ao Senhor para não termos vergonha de viver com este escândalo da Cruz. E também a sabedoria: peçamos a sabedoria para não cairmos na armadilha do espírito do mundo, que sempre nos fará propostas educadas, propostas civis, propostas boas, mas por trás disto existe a negação do fato que o Verbo se fez carne, da Encarnação do Verbo. Que no final das contas é o que escandaliza aqueles que perseguem Jesus, é aquilo que destrói a obra do diabo. Assim seja”.


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